É mais ou menos parecido, ou melhor, uma variação do processo de privataria.
A poupança do FGTS do trabalhador, que rende uma merreca em relação aos juros que é obrigado a pagar quando se endivida, vai ser comida pela agiotagem que ele não conseguiu suportar.
O camarada comprou a crédito a juro extorsivo, não suportou a dívida que se acumula criminosamente na base de juro sobre juro, entrou em bancarrota, possivelmente , perdeu o emprego nos novos tempos bicudos e o que o governo faz com esse pobre coitado, que deve até os fios dos cabelos?
Libera a poupança retida dele para servir aos sanguessugas que o exploraram impiedosamente.
Na prática é uma forma de privatizar para o banco o que é patrimonio do trabalhador.
Por que o governo não induziu os sanguessugas , ao menos, renegociarem a dívida por um largo tempo a juros bem mais baixos?
Não mereceram os endividados crônicos, vítimas fatais da agiotagem vigente, que o próprio STF considera crime pela prática de anatocismo(juro sobre juro), sequer o mesmo critério colocado à disposição dos estados mais endividados da Federação, embora, também, obrigados a privatizarem patrimônio público em troca das renegociações das suas dívidas.
Os juros altos arruínam, portanto, a poupança disponível para o consumo, inviabilizando recuperação do mercado interno.
Vê-se que está rolando uma distorção no capitalismo brasileiro dominado pela agiotagem.
Quando é lançada quantidade de moeda em circulação para ativar a economia, a lógica é a de que para cada um centavo circulante, o governo inicie processo de arrecadação.
Dessa forma, ele realiza obras públicas, promove o desenvolvimento, equilibra e minimiza,em favor da população,processo de melhor distribuição da renda, contendo a propensão natural do capital privado à concentração, centralização e promoção da pauperização etc.
Mas, não.
Ocorre o contrário: o dinheiro do FGTS não irá para a circulação capitalista movimentar a economia, mas para o caixa dos bancos liquidar dívidas.
Trata-se, na verdade, de uma doação estatal aos bancos com recursos dos trabalhadores.
Esse, aliás, é o sentido profundo das reformas trabalhista e previdenciária do governo golpista: desmontar direitos e conquistas sociais do trabalhador em favor do capital.
Destrói-se poupança acumulada pela ação do endividamento a juros extorsivos cuja liquidação aprofunda recessão, não retomada da economia.
Os depoimentos dos sacadores do FGTS comprovam que a massa dos R$ 45 bilhões que estava inativa será, em sua maior parte, recebida pelos bancos, que, imediatamente, aplicarão esse dinheiro nos títulos do tesouro, que pagam a eles o juro real mais alto do mundo.
As contas inativas do FGTS, dessa forma, terão destino certo: aumentarão a rentabilidade já extraordinária dos bancos.