
Temer jogou com o catastrofismo, dando uma de Jânio Quadros, ameaçando renunciar à tarefa de coordenador político, para testar sua força e adquirir mais cacife, ou não?
Produziu ou não uma manobra política espetacular para levantar a seu favor forças empresariais(Fiesp e Firjan), financeiras(Febraban) e políticas(PSDB) para enfrentar, como articulador político do governo, a crise de governabilidade sob a fragilidade política dilmista?
O fato é que sua fala reverberou em uníssono no cenário político nacional conturbado por crise econômica bombeada pela especulação desenfreada.
Em que medida a fala de Temer alertando para a gravíssima crise ajudou a bombar o dólar?
Ele mediu essas consequências ao alertar para a gravidade do momento, na semana em que a presidenta Dilma Rousseff participou de programa de televisão para destacar os exagerados excitamentos da sensibilidade política claramente golpista em evidência na cena política nacional?
Insinuou ou não Temer existência de vazio político decorrente de ausência de liderança política?
O vice, na verdade, foi diplomaticamente acintoso, mas, também, contraditório.
Há duas semanas estava nos Estados Unidos dizendo que tudo por aqui estava sob controle.
A democracia brasileira, disse aos credores, em Nova York, dispõe de alicerces para suportar os solavancos.
Agora, no calor das excitações de agosto, em meio a calculadas manobras políticas de personagens personalistas que se veem diante do perigo de terem suas carreiras destruidas pela Operação Lavajato, como é o caso do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, o vice alardeia perigos possivelmente incontornáveis, salvo se houver pacto nacional.
Correram em apoio ao vice os grandes banqueiros e empresários, temerosos de que estouro da boiada, nas ruas, perturbe o cenário político assentado em bases não se sabe se suficientemente fortes para aguentar ensaio de rebelião popular.
Antes que pinte um fascista tipo Hitler, melhor um Temer?
Sim ou não?
Está pintando repeteco histórico conhecido: as manobras da elite para buscar conciliação em prol de continuidade do status quo?

Como seria possível
votar impeachment da
presidenta da República
sob comando de
O Papa Francisco tem razão: o poder midiático, que atua de forma oligopolizada, especializa, particularmente, em tempos de crises econômicas, em criar versões de fatos para insinuar situações de modo a serem exploradas pelos plantadores de tempestades políticas, em meio às lutas de classe, a fim de atingir interesses particulares.
Desde o momento em que a presidenta Dilma Rousseff, acossada pelas dificuldades econômicas e pela sua própria inapetência para o jogo político, foi obrigada a chamar o vice presidente da República, Michel Temer, do PMDB, para ajudá-la a negociar com o partido dele a governabilidade, ameaçada pela resistência da oposição em aceitar o resultado eleitoral, abundam-se os climas conspiratórios típicos da disputa de poder.
O PMDB pulou na frente e tomou conta do poder: Temer, na coordenação política; senador Renan Calheiros(PMDB-AL), presidente do Congresso; e deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ), presidente da Câmara, responsavél por colocar o baixo clero no poder e isolar os cardeais.
Tudo ficou absurdamente complicado com a o avanço das investigações do Ministério Público Federal sobre a corrupção na Petrobras, decorrente das relações espúrias de diretores da empresa, ligados aos partidos da base política governamental, com os empreiteiros nacionais que comandam as grandes obras tocadas pela estatal petrolífera.
lideranças políticas
denunciadas na explosiva
Operação Lavajato?
O Pacto Nacional seria ou
Os desdobramento das investigações ganharam dimensão extraordinária nos últimos tempos com avanço de delações premiadas previstas em lei cujas consequências resultaram em prisões espetaculares dos presidentes das empresas mais importantes do Pais, detentoras de tecnologia responsável por conquista da notoriedade internacional da engenharia brasileira.
As delações transformaram a vida política nacional num inferno de Dante para as lideranças políticas governistas, alvos das investigações.
O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot(reconduzido pela presidenta Dilma Rousseff, para novo mandado de dois anos, depois de vitória espetacular entre seus pares em todo o País), virou o próprio demônio para essas lideranças, visto que deverá apresentar denuncias contra elas no Supremo Tribunal Federal, para serem julgadas neste foro privilegiado, como manda a Constituição.
Da mesma forma, personagens de destaque do PT têm sob suas cabeças a afiada Espada de Dâmocles.
E paira sob a maior liderança petista, o ex-presidente Lula, ameaça de eventual prisão, se delatores – doleiros, funcionários de estatais, agentes dos partidos na estatal e presidentes das empreiteiras – resolverem citá-lo como beneficiário das propinas que foram distribuidas pelas empresas para obterem vantagens comerciais na sua relação com a Petrobras.
Misturam-se a esses fatos bombásticos, que abalam o Congresso, as ameaças de impeachment da presidenta Dilma Rousseff por conta de possível desaprovação das contas do governo em 2014 pelo Tribunal de Contas da União(TCU), bem como provável reprovação da contabilidade eleitoral da candidatura Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Coquetel explosivo.
não uma articulação
das elites para ajeitar
essa situação que se mostra,
por enquanto incontornável?
Depois da prisão, nessa semana, do ex-ministro da Casa Civil, no primeiro governo Lula, José Dirceu, as versões de fatos e insinuações se multiplicaram de tal forma que as relações políticas entre os dois principais partidos da base govenamental diluiram-se a tal ponto que já se cogita de separação irreversível entre PT e PMDB.
Clima de salve-se quem puder em meio ao qual o Ministério Público Federal paira como justiceiro do poder Legislativo, cujos integrantes sob acusação se mostram inconformados com a presidenta da República pela recondução ao cargo do Procurador Geral, Rodrigo Janot.
Nesse contexto, agravado pela crise econômica, a popularidade do governo levou tombo impressionante, deixando a presidenta Dilma Rousseff sem retaguarda política.
Foi aí que pintou o alerta-jogada-política do vice presidente Michel Temer para o que considerou crise política gravíssima a reclamar alguém com representantividade substantiva em torno da qual se possa construir alicerce mais seguro para a governabilidade.
Quem seria esse alguém senão ele, Temer, em torno do qual já se reúne as cúpulas do poder empresarial, financeiro e político para jogar água fria na fervura dos espíritos em luta para se salvarem da devastação que a Operação Lavajato está produzindo, gerando confusão típica de fim de mundo?